A compreensão do funcionamento da memória e esquecimento como auxílio no âmbito acadêmico


 Por Jannyne Hilário


A memória é dividida em memória de curto prazo e memória de longo prazo, sendo responsável por filtrar informações relevantes. A memória de curto prazo se transforma em memória de longo prazo durante o sono profundo. Portanto, ter uma qualidade de sono adequada é fundamental para melhorar a memória. E, Melhorar a concentração durante as atividades e adotar um estilo de vida saudável, incluindo boa alimentação e exercícios físicos, também são fatores que contribuem para o funcionamento da memória.

O processo de investigação do esquecimento foi pioneiramente iniciado pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus em 1885, quando ele publicou o livro "Memória: uma contribuição à psicologia experimental". Ebbinghaus conduziu estudos nos quais criou listas de sílabas aleatórias, as memorizou e mediu o tempo necessário para aprendê-las, esquecê-las e reaprendê-las. Com base em seus experimentos, ele desenvolveu a famosa "Curva de Esquecimento de Ebbinghaus", que ilustra um declínio significativo na retenção de memória logo após a aprendizagem inicial da lista de sílabas.


Esse declínio é seguido por uma diminuição na taxa de esquecimento até que uma pequena quantidade de informações remanescente não seja mais esquecida. A curva de esquecimento de Ebbinghaus é fundamental para a compreensão do processo de memória e destaca a importância da revisão e da prática para melhorar a retenção ao longo do tempo.

No entanto, estudos posteriores desafiaram a universalidade dessa curva. Por exemplo, pessoas podem lembrar nomes mesmo após 15 anos, e habilidades complexas não se ajustam ao modelo de Ebbinghaus. Isso levou à Teoria da Deterioração, que afirma que memórias enfraquecem com o tempo, mas a recuperação pode fortalecê-las. Além do tempo, outros fatores como sono e condições de aprendizado afetam o esquecimento. Portanto, revisar informações chave é importante para mantê-las na memória, e estratégias como resumos podem ser úteis.


A revisão espaçada aproveita a curva do esquecimento ao programar revisões de conteúdo pouco antes do momento em que você provavelmente esqueceria. Isso reforça a memória de forma eficaz, tornando-a mais duradoura. Existem várias técnicas e ferramentas que podem ajudar na implementação da revisão espaçada, incluindo:

 Flashcards Espaçados: Essa técnica envolve o uso de cartões de revisão com perguntas de um lado e respostas do outro. Você revisa os cartões e, conforme acerta mais vezes, os intervalos de revisão aumentam gradualmente.

 Aplicativos de Revisão Espaçada: Existem aplicativos e programas de computador que implementam a revisão espaçada automaticamente. Eles rastreiam seu progresso e adaptam os intervalos de revisão com base em suas respostas.

 Agendas de Estudo Planejadas: Você pode criar um plano de estudo que inclua sessões de revisão em intervalos específicos. Por exemplo, revisar uma semana após a primeira leitura, depois um mês, e assim por diante.

A revisão espaçada é uma técnica eficaz para melhorar a retenção de informações a longo prazo e é amplamente utilizada em contextos educacionais e de aprendizado. Ela ajuda a superar o problema do esquecimento que ocorre naturalmente e otimiza o processo de memorização. O objetivo dessas revisões é reativar a memória, assimilar informações importantes e aumentar a retenção de 75% (após a primeira aprendizagem) para níveis mais altos, como 90% ou até 100%. Essa estratégia ajuda a superar o esquecimento natural e a melhorar a eficácia do processo de aprendizado.

A estratégia de revisão, de acordo com os estudos de Ebbinghaus, visa otimizar a retenção de informações ao longo do tempo. Aqui está um resumo das etapas recomendadas:

    Revisão Imediata: Após aprender algo novo, faça uma revisão imediatamente. Isso aumenta a retenção de 75% para 100%.

    Revisão Após 24 Horas: Realize uma revisão do conteúdo novamente um dia depois. Nesse ponto, o nível de lembrança já caiu para cerca de 50% ou menos.

    Revisões Subsequentes: Programe revisões adicionais após 7 dias, 30 dias e, em seguida, uma revisão de manutenção a cada 45 dias.

    Uso de Resumos: Durante essas revisões programadas, utilize resumos feitos durante o primeiro contato com o conteúdo. Isso otimiza o tempo de revisão e ajuda a manter a retenção.

    Tempo de Revisão: Inicialmente, as revisões podem ser feitas em até 10 minutos, mas com a prática, esse tempo pode ser reduzido, dependendo do volume de informações contidas no resumo.

    Diversidade de Técnicas: Além disso, existem diversas técnicas de revisão que podem ser usadas, como fichas resumo, flashcards, mapas mentais e esquemas. Você pode escolher a que melhor se adapta ao seu estilo de aprendizado.


PERGUER, G. K; STEIN, L. M. Compreendendo o esquecimento: teorias clássicas e seus fundamentos experimentais. Psicologia USP. São Paulo. 2003;14(1): 129-155. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65642003000100008. Acesso em: 10 set. 2023.

RONZANI, F. G. Como não esquecer? O uso da repetição espaçada na manutenção do conhecimento médico. 25p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Santa Catarina – SC. 2022. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/242483. Acesso em: 02 set. 2023.



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